Há exato um ano, a Praça da Alfândega, no coração da Capital, deveria ter sido entregue aos porto-alegrenses, totalmente reformada. Nos últimos dias, Zero Hora visitou quatro vezes o canteiro de obras para descobrir os motivos de tamanho atraso.Em meio ao frenético vaivém de milhares de pessoas no coração de Porto Alegre, uma obra inicialmente prevista para terminar há exato um ano transpira paz e sossego.
Moradores, comerciantes e frequentadores do Centro Histórico protestam contra os intermináveis atrasos na reforma da Praça da Alfândega e mostram-se insatisfeitos com o ritmo de trabalho no canteiro onde se veem poucos operários trabalhando.
Zero Hora visitou a praça em diferentes dias e horários para verificar o andamento da reforma iniciada em 3 de junho de 2009 e prevista para terminar, conforme uma placa oficial instalada no local, em 6 de abril do ano passado – o que representa um ano de atraso completado hoje, e que deve se ampliar pelo menos até setembro. Em todas as quatro passagens de ZH pelo local, havia menos de uma dezena de trabalhadores visíveis entre os tapumes metálicos.
No meio da tarde de terça-feira da semana passada, apenas dois funcionários podiam ser vistos do alto. Um deles aparentava cochilar na cabine de uma retroescavadeira desligada, enquanto outro circulava pelas proximidades. Na manhã do dia seguinte, o quórum era maior: meia dúzia de operários podia ser avistada nas imediações da área verde, e outro tanto trabalhava nas imediações da Avenida Sepúlveda. Nessa via, o calçamento vem sendo substituído e uma canalização subterrânea está em fase de implantação. O que mais chama a atenção no local, porém, são duas grandes pilhas de pedras à espera de colocação.
Preocupação com a Feira do Livro
Na tarde de quinta-feira, a situação era semelhante. Havia sete trabalhadores no local, mas três conversavam e quatro realizavam algum serviço braçal. Sexta-feira, às 16h40min, eram cinco. A lentidão com que a praça vem recuperando o desenho que tinha quando foi concebida, na década de 20 – com vegetação mais baixa, maior insolação e um traçado mais aberto –, exaspera a comunidade local.
Presidente da Associação dos Moradores do Centro, Paulo Guarnieri afirma que os sucessivos atrasos e a manutenção do tapume separando uma das mais importantes praças porto-alegrenses do resto da cidade provocam um “prejuízo enorme” para os milhares de frequentadores da área.
– Estranhamos muito toda essa demora. Acho que faltou planejamento para a realização da obra – afirma Guarnieri.
Gerente de eventos do Clube do Comércio, localizado na Rua da Praia diante da praça, Aline Villasbôas vai todo dia à janela para verificar o andamento da reforma. Invariavelmente, fecha as vidraças e vira as costas com um sentimento de frustração.
– A gente não vê avanço, e há poucos trabalhando. Nada muda de uma semana para outra. Quando se precisa cumprir prazo e tem muita coisa a fazer, a única solução é botar mais gente para trabalhar – argumenta.
Outro temor da gerente de eventos é que a demora na execução do serviço atrapalhe mais uma edição da Feira do Livro da Capital. No ano passado, a previsão das autoridades era concluir a recuperação em outubro, a tempo de liberar a área para as bancas. A promessa não foi cumprida, e os estandes tiveram de dividir um espaço reduzido com os tapumes. Agora, a promessa mais uma vez é aprontar tudo antes da chegada dos livros.
– Desse jeito, não sei como vão conseguir terminar – preocupa-se Aline, observando a quietude na praça de sua janela, enquanto ao redor dos tapumes a cidade fervilha.
A obra
- Por que é importante: a Praça da Alfândega é uma das mais tradicionais da Capital, localizada no centro histórico, e deverá voltar a ter o desenho original concebido em 1924 – com outro traçado, vegetação mais baixa e maior iluminação natural. Ele foi alterado nos anos 70.
- Início: junho de 2009
- Custo: R$ 2,9 milhões
- Previsão inicial de término: abril de 2010
- Previsão atual de término: setembro de 2011 (a reforma do calçamento ao redor da praça, porém, deve ser concluída apenas em abril de 2012).
A nova praça
Confira como deve ser a nova Alfândega pela qual os porto-alegrenses aguardam há dois anos:
- A praça voltará a contar com o aspecto de meados do século passado, quando tinha passeios mais amplos, vegetação mais aberta e melhor iluminação
- Um módulo de serviços, com café, banheiros e pequenas lojas será aberto junto ao prédio da Caixa
- Os artesãos da Sete de Setembro ficarão na Cassiano Nascimento, na extremidade da praça próxima à General Câmara
- O piso de pedras portuguesas receberá melhorias, assim como o sistema de iluminação e o paisagismo
- A Avenida Sepúlveda receberá paralelepípedos
Zero Hora (impressa)
AGORA PERGUNTO PORTO ALEGRE TEM CONDIÇÕES DE SEDIAR A COPA?
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