sexta-feira, 22 de outubro de 2010

SAMBA ROCK REGGAE!!!!

22 de outubro de 2010

Samba, rock e reggae: Conheça Alexandre Sugos

Por Aline Diedrich / IN Foto: Alexandre Sugos / Arquivo

Natural de Porto Alegre, morador do Bairro Glória, Alexandre "Sugos" Castro sempre teve a música presente em sua vida. A mãe era baterista da banda Brasas, o pai cantava na Sociedade Floresta Aurora.

Após se formar em Ciência Econômicas na UFRGS, Alexandre comprou sua primeira fender e foi para o litoral catarinense, na Barra de Ibiraquera, tentar carreira musical e formou a banda BlackBahia. "Bem 'nas antigas', nos churrascos da família, minha primeira experiência veio com o samba, nossa única e verdadeira raiz. Mas já toquei muito rock'n roll, daí a veia sambarock", contou ao Identidade Noroeste.

Mas o reggae também chegou cedo na vida do músico. Em 1982, aos oito anos, Alexandre ouviu pela primeira vez, juntamente com um tio, o som de Bob Marley. E como ele mesmo diz "o reggae quando bate, a gente nunca esquece".

Ele compõe letra e música. Gravou seu primeiro Ep em 2003, com a banda BlackBahia, intitulado Independente, com nove músicas. No ano passado, finalizou o disco com a banda Casa da Sogra. Também desenvolve seu projeto solo "Sugos Voz, Violão e Guitarras".

REGGAE - Com uma mensagem de justiça a positividade, o reggae mostra a esperança e a direção ao encontro da luz, a iluminação da mente e da alma, como destacou Alexandre. "Prega que paz e amor incondicional são fundamentais para a vida em sociedade, atitudes racionais. E o respeito para com todos indivíduos independente das diferenças".

O Rio Grande do Sul tem demonstrado que, "a nossa veia do reggae" é uma das mais fortes do país, acredita Alexandre. O Sul abriga uma das mais importantes bandas do Brasil, a Produto Nacional e, "em cada evento de reggae que acontece em POA, nota-se que o público gaúcho está sempre sedento do ritmo jamaicano. No interior também é forte essa chama, Caxias do Sul e São Leopoldo, representam muito bem a positividade reggae. A Cultura reggae já é parte da nossa cultura regional".

INTERNET - Lançando diariamente novos e talentosos artistas, a internet é vista como aliada. "A demanda assusta, mas sempre existirá público para todos". Para o músico, a web é a nova maravilha do mundo, porque une o universo, "nos dá referência e contato com novas linguagens e culturas, impossível viver sem".

SHOWS - Alexandre Sugos está desenvolvendo o projeto para o verão, chamado "Reggae Noir", com músicas próprias. E também, "tocando a obra" com a banda Casa da Sogra que estará hoje (22), às 20h, no Long Play (POA), às 22h na festa da Itapema FM e dia 23, em São Leopoldo, no aniversário do San't Lou.

"É sempre um imenso prazer poder conversar e explanar novas ideias para o público da "rede", ainda mais num espaço destinado a promover a cultura local, regional e brasileira. Imaginem quantos artistas brilhantes surgiram por "essas bandas" e se apagaram no esquecimento? Vamos deixar nossa marca e espalhar o conhecimento, para construirmos um mundo melhor. Educação é solução!", finaliza o músico.

IN - IDENTIDADE NOROESTE TROCANDO IDÉIAS

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O REI DO BOLERO

Curti muito esse tiozinho "bem nasantigas" através da voz do meu pai nas rodas de samba da família. Altemar Dutra de Oliveira (Aimorés, 6 de outubro de 1940Nova Iorque, 9 de novembro de 1983) foi um cantor brasileiro. Sucesso em toda a América Latina, interpretando obras como "Sentimental Demais", "O Trovador", "Brigas" e "Que Queres Tu de Mim", boa parte das canções de autoria da dupla Evaldo Gouveia e Jair Amorim, foi progressivamente destacando-se no gênero musical bolero. De fato, veio a ser aclamado como o "rei do bolero" no Brasil.

Biografia

Início da carreira

Iniciou sua carreira na Rádio Difusora de Colatina, no Espírito Santo, localidade para onde sua família havia se mudado, cantando uma música de Francisco Alves. Antes de completar sua maioridade, seguiu para o Rio de Janeiro, levando uma carta de apresentação para o compositor Jair Amorim, que o encaminhou a amigos do meio artístico. Tentou a sorte como crooner em boates e casas de espetáculos.

Primeiro disco

Gravou seu primeiro disco na Tiger, com "Saudade que vem" (Oldemar Magalhães e Célio Ferreira) e "Somente uma vez" (Luís Mergulhão e Roberto Moreira). Por volta de 1963, foi levado por Jair Amorim para o programa Boleros Dentro da Noite, na Rádio Mundial, e no mesmo ano Joãozinho, do Trio Irakitan, levou-o para a Odeon, onde foi contratado. Logo atingiu os primeiros lugares nas paradas de sucesso com Tudo de mim (Evaldo Gouveia e Jair Amorim), tornando-se conhecido em todo o Brasil.

Carreira internacional

Em 1964 gravou com grande sucesso Que queres tu de mim, O trovador, Sentimental demais e Somos iguais (todas de Evaldo Gouveia e Jair Amorim). Destacou-se também na América Latina, fazendo apresentações em vários países e gravando um LP com Lucho Gatica: El bolero se canta así. Com suas versões em espanhol, chegou a vender mais de 500 mil cópias na América Latina. Depois de ter dominado as paradas de sucesso locais, a partir de 1969 passou a conquistar fãs de origem latina nos EUA. Em pouco tempo tornou-se um dos mais populares cantores estrangeiros nos EUA. Apresentava um show para a comunidade latino-americana, no clube noturno "El Continente", em Nova Iorque, quando faleceu aos 43 anos, de derrame cerebral.

Foi casado com a cantora Marta Mendonça, tendo dois filhos, Deusa Dutra e Altemar Dutra Júnior, este também a seguir carreira artística.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

JOHN COLTRANE 84 ANOS DE ETERNIDADE


John William Coltrane (kōl'trān) - (Hamlet, Carolina do Norte, 23 de setembro de 1926Long Island, Nova Iorque, 17 de julho de 1967) foi um saxofonista e compositor de jazz norte-americano, habitualmente considerado pela crítica especializada como o maior sax tenor do jazz e um dos maiores jazzistas e compositores deste gênero de todos os tempos. Sua influência no mundo da música ultrapassa os limites do jazz, indo desde o rock até a música erudita.

Atuou principalmente durante as décadas de 1950 e 1960. Embora tocasse antes de 1955, seus principais anos foram entre 1955 e 1967, durante os quais reformulou o jazz e influenciou gerações de outros músicos. As gravações de Coltrane foram prolíficas: ele lançou cerca de 50 gravações como líder nestes doze anos, e apareceu em outras tantas lideradas por outro músicos. Através de sua carreira, a música de Coltrane foi tomando progressivamente uma dimensão espiritual que iria consagrar seu legado musical.

Junto com os saxofonistas tenores Coleman Hawkins, Lester Young e Sonny Rollins, Coltrane mudou as perspectivas de seu instrumento. Coltrane recebeu uma citação especial do Prêmio Pulitzer em 2007,[1] por sua "perita improvisação, musicalismo supremo e um dos ícones centrais na história do jazz."

Biografia

Infância e adolescência

Filho de John Robert Coltrane e de Alice Blair Coltrane, John William Coltrane nasceu em 23 de setembro de 1926 em Hamlet, na Carolina do Norte. Com apenas dois meses de idade se muda com a família para High Point (também na Carolina do Norte), após a nomeação de seu avô, o Reverendo William Blair, para a Igreja Metodista Africana Episcopal de Sião. John cresceu no meio de uma família de músicos: seu pai, que era alfaiate, tocava violino e ukulele, e sua mãe cantava no coro da igreja.

Em 1939, aos treze anos de idade e após terminar o ano primário, perde seu pai, seu tio e seus avós em um intervalo de um mês, restando somente ele, sua mãe, sua tia e primo. Logo sua mãe começou a trabalhar como doméstica para sustentar a família, enquanto ele terminava o ano secundário.

Na banda da escola ele aprende primeiramente a tocar clarinete, mas decide largar este instrumento pois se interessou mais pelo saxofone alto, depois de ouvir o saxofonista Johnny Hodges com a banda de Duke Ellington no rádio.[2] Suas influências musicais naquela época foram o saxofonista tenor Lester Young e Count Basie e sua banda.[3]

Durante a Segunda Guerra Mundial, sua mãe, sua tia e seu primo se mudam para Nova Jérsei, na Filadélfia, em busca de trabalho, deixando-o com amigos da família. Após ter terminado o ano escolar, ele se muda também para Nova Jérsei em junho de 1943, arranjando emprego em uma refinaria de açúcar. Por um ano, ele frequenta a Ornstein School of Music e estuda no Granoff Studios, além de começar a tocar em alguns bares.

Início da carreira musical

Casa de John Coltrane, na Filadélfia.

Em 1945, Coltrane entra para a Marinha dos Estados Unidos, sendo designado para uma base no Havaí e destacado para a banda militar a tocar clarinete em um grupo chamado Melody Makers.[2] Lá, grava com um quarteto de marinheiros em 13 de julho de 1946. Uma performance da música "Hot House", do compositor Tadd Dameron, foi lançada em 1993 pela antologia da Rhino Records: The Last Giant.[4]

Coltrane não chegou a entrar em combate. Após voltar do Havaí, em 1946, começa a tocar em diversos pequenos bares e clubes ao redor da Filadélfia. Nessa época ele adquire vício por heroína e álcool. No verão de 1946, entra para o grupo de Joe Webb e depois para a King Kolax Band, com o saxofonista Charlie Parker. É dito que seria nesse grupo que ele decide trocar o saxofone alto pelo tenor, visto que Parker, que tocava saxofone alto, já havia "esgotado" as possibilidades desse instrumento.[5]

Na metade de 1948, entra para a Jimmy Heats Band, que em 1949 passaria a se chamar Howard McGhee All Stars. No mesmo ano, Coltrane recebe o convite de Dizzy Gillespie para tocar saxofone alto em sua big band, realizando em 21 de novembro sua primeira gravação com o grupo. A banda acabou em maio de 1950, mas Coltrane continuou tocando com um grupo menor de Gillespie até maio de 1951. No dia 1 de março, ele faz seu primeiro solo em uma gravação, na música "We Love to Boogie" do grupo de Gillespie. Ele toca com o grupo de Earl Bostic em 1952, e depois vai para o de Johnny Hodges em 1954, mas em setembro do mesmo ano é expulso devido a seu vício em heroína.

Ascensão

No verão de 1955, Coltrane recebe um telefonema do trompetista Miles Davis o convidando a se juntar em um grupo que ele estava formando. Miles Davis tinha se recuperado de seu vício em heroína, e voltado à atividade depois de uma apresentação no Festival de Jazz de Newport em julho de 1955, conseguindo assim um contrato com a Columbia Records e uma oportunidade de formar um grupo. Esse mesmo grupo contaria ainda com o pianista Red Garland, o baixista Paul Chambers e o baterista Philly Joe Jones, sendo conhecido como o Miles Davis Quintet. Com Miles, Coltrane finalmente se estabeleceria como um importante músico de jazz.

A primeira gravação do quinteto foi feita em outubro de 1955, mesmo mês em que Coltrane se casou com Naima Grubbs. O grupo gravou primeiramente o álbum The New Miles Davis Quintet em 16 de novembro de 1955. Já em maio de 1956, em sessões de dois dias para cumprir um contrato com o selo Prestige Records, gravou os discos: Cookin' with the Miles Davis Quintet (lançado em 1957), Relaxin' with the Miles Davis Quintet (lançado também em 1957), Workin' with the Miles Davis Quintet (lançado em 1958) e Steamin' with the Miles Davis Quintet (lançado em 1961), além do álbum 'Round About Midnight em outubro de 1956 pela Columbia Records.

No verão de 1956, Coltrane empreende uma tentativa frustrada de se livrar do seu vício em drogas. É demitido por Miles em outubro, mas volta no mês seguinte. No começo de 1957, Coltrane assina com a Prestige, mas continua gravando como sideman para outros selos. Em abril de 1957, é forçado a parar de tocar devido a seus problemas com drogas. Miles substituí-lo-ia por Sonny Rollins.

O líder

Em 31 de maio de 1957 fez a sua primeira gravação como líder. O grupo era formado pelo trompetista Johnny Splawn, o saxofonista barítono Sahib Shihab, o pianista Mal Waldron (ou Red Garland em algumas faixas), o baixista Paul Chambers e o baterista Al "Tootie" Heath. O álbum foi lançado em setembro de 1957. Chamado simplesmente de Coltrane, seria conhecido mais tarde como First Trane. Em junho do mesmo ano, tocaria brevemente com o quarteto de Thelonious Monk num clube chamado Five Spot em Nova Iorque. Junto com eles, o grupo contava com Wilbur Ware no baixo e Shadow Wilson na bateria. Monk e Coltrane lançam quatro discos: Thelonious Himself (lançado em 12 de abril de 1957); Thelonious Monk With John Coltrane(em 16 de abril); Monk's Music(em 26 de junho) e Live At The Five Spot: Discovery!.

Durante este período, Coltrane desenvolve uma técnica que se baseava em várias notas rápidas tocadas em legato, que tornariam seus solos mais longos. Essa técnica se tornaria uma de suas marcas registradas. Mais tarde, em 16 de outubro de 1958, o crítico musical Ira Gitler, da revista especializada em jazz Down Beat, cunharia a expressão "sheets of sound" ("camadas de sons", em português) para caracterizar essa técnica.

Em agosto de 1957, ele gravou algumas faixas para os álbuns que seriam lançados mais tarde pela Prestige, como Lush Life (1960), Last Trane (1965) e John Coltrane With the Red Garland Trio, conhecido também como Traneing In. Seu próximo álbum, gravado em 15 de setembro de 1957 para o selo Blue Note, seria Blue Train. O álbum contava com o trompetista Lee Morgan, o trombonista Curtis Feller, o pianista Kenny Drew, além de outros dois músicos vindos do quinteto de Miles Davis, o baixista Paul Chambers e o baterista "Philly" Joe Jones. Foi lançado em dezembro de 1957, com composições inteiramente de sua autoria (com exceção de "I'm Old Fashioned", um standard de Jerome Kern e Johnny Mercer). Durante uma entrevista em 1960, Coltrane o descreveu como seu álbum favorito ("este ou Soultrane").[6]

De volta ao quinteto

Em janeiro de 1958, Coltrane volta ao grupo de Miles Davis (ora sexteto ou quinteto) permanecendo nele até abril de 1960, quando sairia para formar seu próprio grupo. Com este grupo basicamente é gravado, entre outros, os álbuns Milestones (fevereiro e março de 1958), 58 Miles (26 de maio e 9 de setembro), Porgy and Bess (22 e 29 de julho, 4 e 18 de agosto). Lateralmente, Coltrane grava faixas para a Prestige que seriam incluídas nos álbuns Lush Life, The Last Trane e The Believer. Entre fevereiro e março, enquanto gravava Milestones com o sexteto de Miles Davis, Coltrane lança em setembro de 1958 o álbum solo Soultrane pela Prestige Records. Além disso, grava faixas que mais tarde entrariam nos álbuns Black Pearls e na coleção da Prestige Settin' the Pace.

No Festival de Jazz de Newport em 4 de julho de 1958, o sexteto de Miles Davis faz uma apresentação que mais tarde, em 1963, seria lançada no álbum Miles & Monk at Newport. Outras faixas desta performance seriam lançadas no álbum Miles & Coltrane.

Coltrane grava mais sessões para o selo Prestige em julho de 1958, que apareceriam nos álbuns Standard Coltrane (1962), Stardust (1963) e Bahia (1965). Em dezembro, grava mais algumas sessões também lançadas nos álbuns Stardust, Bahia e The Believer. Assim, ele cumpre seu contrato com o selo, assinando mais tarde com a Atlantic Records. Em 15 de janeiro de 1959, ele faz sua primeira gravação para o novo selo com o vibrafonista Milt Jackson, lançado no álbum Bags and Trane em 1961.

Kind of Blue

Em março e abril de 1959, Coltrane grava com o grupo de Miles Davis o álbum Kind of Blue, lançado em 17 de agosto de 1959. O álbum todo foi composto baseado em escalas modais, em que cada integrante recebia um grupo de escalas que definiam os parâmetros da improvisação. O modo de apresentação entrou em contraste com o estilo de composição do jazz tradicional, que se baseava em partituras completas, com progressões de acordes ou séries harmônicas. Kind of Blue é considerado como um dos álbuns mais influentes do jazz, alcançando um elevado número de vendas.

Entre as sessões deste álbum, Coltrane começa a gravar para a Atlantic Records o álbum solo Giant Steps lançado em 1960. Este álbum é o primeiro com todas as composições de sua autoria, apresentando um novo conceito de uso harmônico conhecido mais tarde como "Coltrane changes" ("mudanças Coltrane" em português), que consistiam em substituições de progressões harmônicas. Este álbum é considerado seu último álbum de bebop, passando mais tarde a explorar o jazz modal. Muitas faixas deste álbum tornaram-se standards, como "Naima", "Giant Steps", "Cousin Mary", "Countdown", e "Mr. P.C.".

Em abril de 1960 deixa o grupo de Miles Davis para seguir carreira solo. A primeira formação do seu grupo contava com Steve Kuhn, no piano, Steve Davis, no baixo e Pete La Roca, o baterista. Nessa época, ele começa a tocar gradualmente o saxofone soprano assim como o tenor. Seu interesse pelo soprano começou pela admiração que tinha por Sidney Bechet, e os trabalhos de seu contemporâneo Steve Lacy.

Em outubro, ele grava sessões que seriam usadas nos álbuns Coltrane Jazz, Coltrane Plays the Blues, Coltrane's Sound e My Favorite Things para a Atlantic Records. Este último, um marco em sua carreira.

My Favorite Things

My Favorite Things foi gravado entre 21 e 26 de outubro de 1960. O grupo era formado por um quarteto, com John Coltrane (saxofone), McCoy Tyner (piano), Elvin Jones (bateria) e Steve Davis (baixo). Um álbum em que Coltrane introduz revisitações harmônicas mais complexas de músicas como "My Favorite Things" (uma valsa de Richard Rodgers & Oscar Hammerstein), e "But Not For Me" (de George Gershwin). Em uma época em que o saxofone soprano se tornava obsoleto, Coltrane demonstrou com ele uma inventiva habilidade para o idioma do jazz.

Seu último álbum para a Atlantic é Olé Coltrane, gravado em maio de 1961. Depois ele assinaria com a Impulse! Records gravando Africa/Brass.

Geralmente, é dito que o motivo por Coltrane ter assinado com o selo Impulse! seria que assim ele poderia trabalhar com o engenheiro de som Rudy Van Gelder novamente, o qual tinha trabalhado com Miles Davis nas sessões para a Prestige Records, assim como para seu álbum Blue Train. Seria no novo estúdio de Van Gelder em Englewood Cliffs, Nova Jerséi, que Coltrane gravaria muitos dos seus discos para o selo.

No começo de 1961, o baixista Steve Davis seria substituído por Reggie Workman, enquanto ingressava também no grupo o saxofonista Eric Dolphy. O quinteto tocou no clube de jazz Village Vanguard em novembro de 1961, o qual lançaria essa gravação no álbum Live at the Village Vanguard, um LP com uma improvisação de 16 minutos da música "Chasin' the Trane". Apresentando em sua maioria músicas experimentais, influenciadas por ragas indianas, os recentes desenvolvimentos do jazz modal e o nascente movimento do free jazz. Os saxofonistas Sun Ra e John Gilmore foram uma de suas principais influências; uma das canções de vanguarda mais celebradas naquela época, "Chasin' the Trane" foi fortemente influenciada pela música de Gilmore.

The New Thing

Durante este período, críticos da época dividiram suas opiniões em relação a Coltrane, que havia mudado radicalmente seu estilo. O público também ficara perplexo; na França, ele foi vaiado durante sua turnê final com Miles Davis. Em 1961, a revista especializada Down Beat citou Coltrane junto com Eric Dolphy, como tocadores do "Anti-Jazz" em um artigo que confundiu e angustiou os músicos. Coltrane admitiu que muitos dos seus solos de antigamente eram baseados mais em ideias técnicas. Além disso, o estilo de Dolphy o levou a ganhar a reputação de títere do movimento chamado New Thing (em português 'Coisa Nova'), estilo também conhecido como "Free Jazz" e "Avant-Garde", liderado por Ornette Coleman - que também foi denegrido por alguns músicos de jazz (incluindo o antigo chefe de Coltrane, Miles Davis) entre alguns críticos. Mas como o estilo de Coltrane estava se desenvolvendo, sua determinação era fazer de cada performance "uma única expressão", como ele mesmo disse sobre sua música, em uma entrevista em 1966.

Em 1962, Dolphy sai, e Jimmy Garrison substitui no baixo Reggie Workman. Estava formado o "quarteto clássico", como seria chamado com Tyner, Garrison, Jones e Coltrane. Coltrane estava mudando seu estilo em direção a um mais harmônico, permitindo-o expandir suas improvisações rítmicas, melódicas e motivacionais. A complexidade harmônica ainda estava presente, mas no palco Coltrane continuava apresentando principalmente seus standards clássicos como: "Impressions", "My Favorite Things" e "I Want to Talk about You."

A desaprovação ao quinteto com Dolphy teve certo impacto em Coltrane. Em contraste ao radicalismo de Coltrane em 1961 no Village Vanguard, seus álbuns de estúdio em 1962 e 1963 (com exceção de Coltrane, em que tocou uma versão pesada da música "Out of this World" de Harold Arlen) foram muito mais conservadores e acessíveis. Ele gravou álbuns de baladas e contou com colaborações de Duke Ellington no álbum Duke Ellington and John Coltrane e com o cantor Johnny Hartman no álbum John Coltrane and Johnny Hartman. A compilação da Impulse Coltrane for Lovers é também parecida com estes outros dois álbuns. O álbum Ballads é emblemático pela versatilidade de Coltrane, por como o quarteto despejou uma nova luz sobre standards antigos como "It's Easy to Remember." Apesar de uma aproximação mais refinada no estúdio, em apresentações o quarteto continuou a balancear standards com suas próprias explorações e desafios musicais, como pode ser visto no álbum Impressions (1963) (duas longas sessões incluindo a faixa título, além de "Dear Old Stockholm", "After the Rain" e um blues), Coltrane at Newport (onde ele toca "My Favorite Things") e Live at Birland ambos de 1963. Coltrane mais tarde disse que ele divertiu-se tendo um "catálogo balanceado".

O álbum Crescent que foi lançado em 1964, conseguiu balancear o jazz tradicional com o estilo livre de Coltrane, sendo bem recebido pela crítica. O mesmo ocorreu com A Love Supreme, gravado em dezembro de 1964.

A Love Supreme

Esse disco, considerado sua magnum opus, é um ode à sua fé no amor e em Deus (não necessariamente o Deus cristão - na capa do disco Meditations ele diz "Eu acredito em todas as religiões"). Este interesse espiritual iria caracterizar muito a forma de tocar e compor de Coltrane a partir de então, como pode ser visto em álbuns como Ascension, Om e Meditations. O quarto movimento de A Love Supreme , "Psalm", é, de fato, um arranjo baseado em um poema feito para Deus por Coltrane e impresso no álbum. Coltrane toca quase exatamente cada nota para cada sílaba do poema, baseando suas frases nas palavras. O álbum foi um sucesso comercial pelos standards de jazz, englobando a energia interna e externa do quarteto. Crescent, gravado poucos meses antes, mostrava a audácia e harmonia entre os músicos. O álbum foi composto na casa de Coltrane em Dix Hills.

O quarteto só tocou A Love Supreme uma vez ao vivo - em julho de 1965, em um show em Antibes na França. Já então a música de Coltrane havia evoluído, e a performance oferece um interessante contraste com a original.

O jazz avant-garde e seu segundo quarteto

No final dessa época, Coltrane mostrou um crescente interesse pelo avant-garde jazz promovido por Ornette Coleman, Albert Ayler e Sun Ra, entre outros. Ele foi especialmente influenciado pela dissonância do trio de Ayler com o baixista Gary Peacock e o baterista Sunny Murray. Coltrane encorajou muitos jovens músicos de free jazz (como Archie Shepp), tornando-se um líder do free jazz para o selo Impulse!.

Após gravar A Love Supreme, o estilo apocalíptico de Ayler influenciou a música de Coltrane. Na primeira metade do ano de 1965, as gravações do quarteto mostravam uma crescente abstração da forma de tocar, incorporando novos modelos como a multifonia, a utilização de overtones e tocando em um registro altíssimo, assim como um diferente estilo de seu método sheets of sound. No estúdio, ele abandonou o soprano para se concentrar no saxofone tenor, tocando com o quarteto com crescente liberdade. A evolução do grupo pode ser traçada através dos álbuns The John Coltrane Quartet Plays, Living Space, Transition (junho de 1965), New Thing at Newport (julho de 1965), Sun Ship (agosto de 1965) e First Meditations (setembro de 1965).

Em junho de 1965 entra no estúdio de Van Gelder com outros dez músicos (incluindo Shepp, Pharoah Sanders, Freddie Hubbard, Marion Brown e John Tchicai) para gravar Ascension, uma peça de 40 minutos de duração que apresentava solos ousados por jovens músicos do avant-garde (assim como Coltrane). Após gravar com o quarteto nos meses seguintes, Coltrane convida Pharoah Sanders a se juntar a seu grupo em setembro de 1965.

Sanders era um dos saxofonistas mais virtuosos de sua época. Enquanto Coltrane usava over-blowing (técnica que é usada em instrumentos de sopro, trocando a direção e/ou a força do ar para alcançar alturas diferentes de sons) em certos momentos da música, Sander optava em usar nos solos inteiros, resultando em um chiado gritante constante em um patamar alto do instrumento. Quanto mais Coltrane tocava com ele, mais tendia ao som único de Sanders. John Gilmore foi também uma grande influência no último período de Coltrane. Após escutar uma performance de Gilmore, Coltrane disse "Ele conseguiu! Gilmore tem o conceito!"[7] Ele recebeu algumas lições informais de Gilmore também.

No final de 1965, Coltrane costumava ampliar seu grupo, com Sander e outros músicos de free jazz. Rashied Ali se juntou ao grupo como um segundo baterista. Este foi o fim do quarteto clássico; alegando ser incapaz de escutar a si mesmo com dois bateristas, Tyner deixa o grupo logo após as gravações de Meditations. Jones sai no começo de 1966, insatisfeito por ter que dividir a bateria com Ali. Após a morte de Coltrane, tanto Tyner quanto Jones expressaram em entrevistas aborrecimento com as novas direções musicais, enquanto incorporavam algumas das formas intensas do free jazz em seus projetos solos.

Em 1965, Coltrane talvez tenha usado LSD[8] - instruindo-o ao sublime, a transcendência cósmica em seu período final, além de sua incompreensibilidade para muitos ouvintes. Após as saídas de Jones e Tyner, Coltrane lidera um quinteto com Pharoah Sanders no saxofone tenor, sua nova esposa Alice Coltrane no piano, Jimmy Garrison no baixo e Rashied Ali na bateria. Coltrane e Sanders foram descritos por Nat Hentoff como falando em sua "própria língua". Enquanto faziam turnês o grupo ficou famoso por tocar versões muito longas de seu repertório, alcançando cerca de 30 minutos de duração e às vezes uma hora. Os solos dos membros tinham, no mínimo, duração de 15 minutos cada.

Apesar do radicalismo dos saxofones, a seção rítmica com Ali e Alice era mais calma, mais meditativa que Jones e Tyner. O grupo pode ser escutado em várias gravações ao vivo de 1966, incluindo Live at the Village Vanguard Again! e Live in Japan. Em 1967, Coltrane entrou em estúdio várias vezes; apesar de terem surgido peças com Sanders (a incomum "To Be", em que ambos tocam flauta), a maioria das gravações foram feitas ou com o quarteto menos Sanders (Expressions e Stellar Regions) ou em dueto com Ali. Este último dueto produziu seis interpretações que aparecem no álbum Interstelar Space.

Morte prematura

Coltrane faleceu em decorrência de câncer do fígado no Hospital Huntington em Long Island - Nova Iorque, em 17 de julho de 1967 com 40 anos de idade. Numa entrevista em 1968, o saxofonista Albert Ayler revelou que Coltrane estava consultando um curandeiro hindu para se tratar, ao invés de usar a medicina ocidental, fato negado mais tarde por Alice Coltrane. Em ambos os casos, no entanto, o tratamento convencional seria inútil.

Especula-se que a família de Coltrane esteja de posse de diversas peças inéditas do músico. A maioria seriam fitas em mono, de referências que o saxofonista teria feito, como o lançamento em 1995 de Stellar Regions, além de master tapes que nunca saíram do estúdio. O selo Impulse!, de 1965 a 1979 conhecido como ABC Records, lançou grande parte desse material na década de 70.[9] O biógrafo Lewis Porter declarou que Alice Coltrane pretendia lançar essas músicas mas, assim como seu filho Ravi Coltrane, responsável por rever o material, pretendiam dar mais prioridade a suas carreiras.

Crenças Religiosas

Coltrane nasceu e cresceu como cristão, e sempre esteve em contato com religião e espiritualidade na infância. Quando jovem, ele tocava música em uma igreja afro-americana. Em A Night in Tunisia: Imaginings of Africa in Jazz, Norman Weinstein cita o paralelo entre a música de Coltrane e sua experiência na igreja.

Em 1957, Coltrane começa a mudar suas direções espirituais. Dois anos antes, ele tinha se casado com Juanita Naima Grubb, uma muçulmana convertida (para quem ele mais tarde escreveria a peça "Naima"), e assim teria tido contato com o Islão, uma experiência que talvez o tenha levado a superar seu vício pelo álcool e pela heroína; foi um período de "despertar espiritual" que o ajudou a voltar à cena do jazz e eventualmente produzir grandes obras. A jornada o levou através do Islão. O baixista Donald Garrett disse certa vez a Coltrane: "Você tem que ir à fonte para aprender algo, e o Sufismo é uma das melhores fontes que há".

Coltrane também explorou o Hinduísmo, a Cabala, Jiddu Krishnamurti, ioga, matemática, ciências, astrologia, história da África e até Platão e Aristóteles.[10] Ele diz: "Durante o ano de 1957, eu experimentei, pela graça de Deus, um despertar espiritual o qual me guiou a uma rica, abundante e produtiva vida. Em gratidão, eu humildemente pedi que me fossem dados os meios e privilégios de fazer os outros felizes através da música.[11] Em seu álbum de 1965, Meditations, Coltrane escreveu sobre ajudar pessoas: "...Para inspirá-los a realizar mais e mais de suas capacidades para viverem vidas significativas. Porque esse é certamente o sentido da vida."[12]

Em outubro de 1965, Coltrane grava Om, referindo-se ao mantra mais importante do Hinduísmo que simboliza o infinito de todo o Universo. Coltrane descreve Om como a "primeira sílaba, a palavra primal, o poder da palavra". A gravação de 29 minutos contém cantos de Bagavadguitá, um épico Hindu. Uma gravação de 1966, lançada postumamente, apresenta Coltrane e Sanders cantando um texto Budista, O Livro Tibetano dos Mortos, e recitando uma passagem descrevendo a verbalização primal "om" como um denominador comum cósmico/espiritual em todas as coisas.

A jornada espiritual de Coltrane foi entrelaçada com sua pesquisa no mundo da música. Ele acreditou não somente na estrutura da música universal que transcendia distinções étnicas, mas capaz de armar a linguagem mística da música por si só. Os estudos de Coltrane com música Indiana o levaram a crer que certos sons e escalas poderiam "produzir sentidos emocionais específicos" (impressões). De acordo com Coltrane, o objetivo de um músico era entender estas forças, controlá-las, e passá-las para o público. Coltrane disse: "Eu gostaria de levar para as pessoas algo como a felicidade. Eu gostaria de descobrir um método que, se eu quisesse que chovesse, chovesse imediatamente. Se um de meus amigos estivesse doente, eu gostaria de tocar uma certa música e cura-lo; se ele estivesse falido, tocaria uma música diferente e ele receberia imediatamente todo o dinheiro que precisasse."[13]

Legado

John Coltrane House

Embora alguns ouvintes de jazz ainda considerem os últimos álbuns de Coltrane contendo um pouco de cacofonia, muitas de suas últimas gravações - entre elas Ascension, Meditations e a póstuma Interstellar Space são largamente consideradas obras-primas.

A música modal de Coltrane e seu período no Village Vanguard foi a principal influência no que seria a primeira gravação de jazz-rock fusion, a música "Eight Miles High" do grupo The Byrds em dezembro de 1965. Algumas outras inovações seriam incorporadas no movimento fusion, mas com uma diminuição do fervor espiritual.

A influência a qual Coltrane exerceu abrange muitos gêneros de músicas e músicos. Por exemplo, Jimi Hendrix, John McLaughlin, Carlos Santana, Primal Scream, Jah Wobble, Tom Verlaine, Allan Holdsworth, Jerry Garcia, The Stooges, The Doors, Erykah Badu, Mike Watt, Phil Lesh, OutKast, Christian Vander e Duane Allman citaram Coltrane como inspiração em seus trabalhos.

A influência maciça de Coltrane no jazz, tanto no mainstream e avant-garde, começou durante sua vida e continuou crescendo mesmo depois de sua morte. Ele é uma das maiores saxofonistas de jazz influentes no pós-60 e inspirou uma geração inteira de músicos de jazz. Em 1965, ele entrou para o Down Beat Jazz Hall of Fame, e foi postumamente premiado com o Grammy Lifetime Achievement Award em 1992.

A viúva, Alice Coltrane, após décadas de reclusão, ganhou brevemente um perfil público antes de sua morte em 2007. O filho de Coltrane, Ravi Coltrane, nome dado em homenagem ao tocador de sitar Ravi Shankar que Coltrane admirava, seguiu os passos do pai e é um notável saxofonista contemporâneo.

A Igreja Ortodoxa Africana Saint John Coltrane, uma Igreja Ortodoxa Africana em São Francisco, considerou em 1971 Coltrane como um santo.[14] Incorporando a música de Coltrane com suas letras e orações.[15] Um documentário sobre Coltrane, falando sobre a igreja, foi produzido pela BBC em 2004 apresentado por Alan Yentob.[16]

Sua casa na Filadélfia foi designada patrimônio histórico em 1999.

Discografia

Durante sua carreira relativamente breve, Coltrane gravou mais de 100 álbuns, tanto ao vivo como em estúdio, ou como líder ou sideman (integrante de um grupo com posição secundária, sem o liderar), criando um dos mais variados e profundos trabalhos musicais do século XX. A maior parte dos trabalhos de Coltrane foi gravado para os selos Prestige, Atlantic e Impulse!. Entre os outros selos que Coltrane gravou como líder, o mais notável foi o Blue Note, para o qual ele gravou o famoso álbum Blue Train. Seus últimos trabalhos, particularmente gravações ao vivo, foram lançados por outros selos. A maioria de suas gravações como sideman foram feitas ao lado de Miles Davis e seu quinteto. A maioria foi coletada em caixas pela Columbia Records, mas o quinteto também fez uma série de importantes gravações para a Prestige Records.

presa pra quem chegou ateh o final do post JAZZ ICONS JOHN COLTRANE 60' 61' & 65'

domingo, 19 de setembro de 2010

JIMI HENDRIX 40 ANOS - O blues é fácil de tocar. Mas é difícil de sentir.

James Marshall "Jimi" Hendrix (nascido Johnny Allen Hendrix; Seattle, 27 de novembro de 1942[1]Londres, 18 de setembro de1970) foi um guitarrista, cantor e compositor norte-americano. Frequentemente é citado por críticos e outros músicos como o maiorguitarrista da história do rock,[2][3][4] e um dos mais importantes e influentes músicos de sua era, em diferentes diversos gêneros musicais.[5][6][7] Depois de obter sucesso inicial na Europa, conquistou fama nos Estados Unidos depois de sua performance em 1967 noFestival Pop de Monterey. Hendrix foi a principal atração, dois anos mais tarde, do icônico Festival de Woodstock e do Festival da Ilha de Wight, em 1970. Hendrix dava preferência a amplificadores distorcidos e crus, dando ênfase ao ganho e aos agudos, e ajudou a desenvolver a técnica, até então indesejada, da microfonia.[8] Hendrix foi um dos músicos que popularizou o pedal wah-wah no rock popular, que ele utilizava frequentemente para dar um timbre exagerado a seus solos, particularmente com o uso de bends e legatobaseados na escala pentatônica. Foi influenciado por artistas de blues como B.B. King, Muddy Waters, Howlin' Wolf, Albert King eElmore James,[9][10][11][12] guitarristas de rhythm and blues e soul como Curtis Mayfield, Steve Cropper, assim como de alguns artistas dojazz moderno.[13] Em 1966, Hendrix, que tocou e gravou com a banda de Little Richard de 1964 a 1965, foi citado como tendo dito: "Quero fazer com minha guitarra o que Little Richard faz com sua voz."[14]

O guitarrista mexicano Carlos Santana sugeriu que a música de Hendrix poderia ter sido influenciada por sua herança parcialmenteindígena.[15] Como produtor musical, Hendrix também inovou ao usar o estúdio de gravação como uma extensão de suas ideias musicais. Foi um dos primeiros a experimentar com a estereofonia e phasing em gravações de rock.

Hendrix conquistou diversos dos mais prestigiosos prêmios concedidos a artistas de rock durante sua vida, e recebeu diversos outros postumamente, incluindo sua confirmação no Hall da Fama do Rock and Roll americano, em 1992, e no Hall da Fama da Música do Reino Unido, em 2005. Uma blue plaque (placa azul) foi erguida, com seu nome, diante de sua antiga residência, na Brook Street, de Londres, em setembro de 1997. Uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood (Hollywood Boulevard, 6627) foi dedicada a ele em 1994. Em 2006seu álbum de estreia nos Estados Unidos, Are You Experienced, foi inserido no Registro Nacional de Gravações, e a revista Rolling Stoneo classificou como o melhor guitarrista na sua lista de 100 maiores guitarristas de todos os tempos, em 2003.[16] Hendrix também foi a primeira pessoa a fazer parte do Hall da Fama da Música Nativo-Americana.

Juventude

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Jimi Hendrix[17]
Desenho retratando Jimi Hendrix

Nascido em Seattle, Washington, Hendrix cresceu tímido e sensível, tendo de ser o responsável por cuidar de seu irmão mais novo, Leon Hendrix, profundamente afetado por problemas familiares, tais como o divórcio dos seus pais em 1951 e a morte de sua mãe em 1958, quando ele tinha apenas 16 anos. Era muito afeiçoado à sua avó materna, que possuía sangue cherokee, e que incutiu no jovem Jimi um forte sentido de orgulho de seus ancestrais nativos norte-americanos. No mesmo ano, o seu pai, chamado Al Hendrix, deu-lhe um ukelele(instrumento de 4 cordas, introduzido no Havaí pelos portugueses no século XVII), e posteriormente comprou, por apenas US$ 5 dólares, umaguitarra acústica, pondo-o no caminho da sua futura vocação.

Depois de tocar com várias bandas locais de Seattle, Hendrix alistou-se ao exército, juntando-se à 101-a Divisão Aerotransportada (101st Airborne Division) baseada em Fort Campbell, Kentucky, a 80 km da cidade de Nashville, no Tennessee, como pára-quedista. Ali ele serviu por menos de 1 ano e recebeu dispensa médica após fraturar o tornozelo em um salto. Mais tarde ele diria que o som do ar assobiando no pára-quedas era uma das fontes de inspiração para o seu som "espacial" na guitarra.

Não há nenhum registo médico no exército americano sobre a dispensa de Hendrix. Em 2005, Charles Cross, que foi autor da biografia do líder do Nirvana, Kurt Cobain, publicou no seu livro "Room Full of Mirrors", que o guitarrista alegou estar apaixonado por um dos seus colegas do seu agrupamento, numa visita ao serviço psiquiátrico em 1962, em Fort Campbell (Estado do Kentucky). Aquilo era mentira, segundo Cross, que relata a preferência do músico por mulheres. "Ele queria apenas escapar do exército para se dedicar à música."

Hendrix, que se alistou como voluntário para a guerra do Vietnã, nunca esteve em combate, porém as suas gravações tornaram-se as favoritas entre os soldados que lá lutavam. Inicialmente levou uma vida precária tocando em bandas de apoio a músicos de soul e blues como Curtis Knight, B. B. King, e Little Richard em 1965. Sua primeira aparição destacada foi com os Isley Brothers, principalmente no "Testify" em 1964.

Carreira


1965-1966

Em 14 de outubro de 1965, Hendrix assinou um contrato de gravação por três anos com o empresário Ed Chaplin, recebendo US$1 e 1% de direitos em gravações com Curtis Knight. Este contrato causou mais tarde sérios problemas entre Hendrix e outras companhias de gravação[carece de fontes].

Por volta de 1966, ele já tinha sua própria banda, Jimmy James and the Blue Flames (que incluia Randy Califórnia, mais tarde guitarrista do Spirit) e uma residência no Cafe Wha?, localizado na cidade de Nova Iorque. Foi durante este período que Hendrix conheceu e trabalhou com a cantora e guitarrista Ellen McIlwaine e também com o guitarrista Jeff "Skunk" Baxter (mais tarde integrante dos grupos Steely Dan e The Doobie Brothers) assim como o iconoclasta Frank Zappa, cuja banda The Mothers of Invention tocava no Garrick Theatre, no Greenwich Village novaiorquino. Foi Zappa que apresentou Hendrix ao recém-criado pedal de "wah-wah", um pedal de efeito sonoro do qual Hendrix rapidamente se tornou mestre notável e que se transformou em parte integrante de sua música.

Casa de Jimi Hendrix em Londres (esquerda). À direita, a casa do compositor clássico Georg Friedrich Händel.

Foi enquanto tocava com o "The Blue Flames" no Cafe Wha? que Hendrix foi descoberto por Chas Chandler, baixista do famoso grupo de rock britânico The Animals. Chandler levou-o para a Inglaterra, levou-o a um contrato de agenciamento e produção com seu produtor musical e ajudou-o a formar uma nova banda, The Jimi Hendrix Experience, com o baixista Noel Redding e o percussionista Mitch Mitchell.

Durante as suas primeiras apresentações em clubes de Londres, o nome da nova estrela espalhou-se como fogo pela indústria musical britânica. Os seus shows e musicalidade criaram fãs rapidamente, entre eles os guitarristas Eric Clapton e Jeff Beck, assim como os Beatles e o The Who, cujos produtores imediatamente encaminharam Hendrix para o selo que produzia o The Who: a Track Records. O primeiro "single" desta parceria, uma regravação de "Hey Joe", se tornou quase que um padrão para as bandas de rock da época.

Mais sucesso veio em seguida, com a incendiária "Purple Haze" e a balada "The Wind Cries Mary". Estas duas e ainda "Hey Joe" chegaram na época ao chamado "Top 10". Agora, finalmente estabelecido no Reino Unido como importante estrela de rock, Hendrix e sua namorada Kathy Etchingham mudaram-se para uma casa no centro de Londres, que um dia pertencera ao compositor barroco Georg Friedrich Händel (antigo compositor clássico).

1967

Em 1967, o grupo, formado por Hendrix na guitarra e vocal, Noel Redding no baixo,eventualmente guitarra e vocais base, e Mitch Mitchell, na bateria, percussão e backing vocals lança seu primeiro álbum, Are You Experienced?, cuja mistura de baladas ("Remember"), pop-rock ("Fire"), psicodelia ("Third Stone from the Sun"), e blues tradicional ("Red House") seria uma espécie de amostra de seu trabalho posterior. O álbum fez muito sucesso, que só não alcançou o número 1 porque foi barrado pelo Sgt Peppers Lonely Heart Club Band dos The Beatles. O álbum é considerado por muitos o melhor debut álbum de todos os tempos, e foi eleito o quinto álbum mais importante da era do rock pela VH1 em 2001, além de estar em décimo quinto lugar na lista da revista Rolling Stones na categoria 500 Greatest Albums Of All Time (tradução livre: Os 500 melhores álbuns de todos os tempos). Outra edição da revista, publicada anos anteriormente em 1987, consagrou o álbum sendo o quinto na categoria Melhores Álbuns dos últimos 20 anos. O álbum está também incluso no livro 1001 Álbuns para você ouvir antes de morrer.

Hendrix foi levado para o hospital com queimaduras depois de pôr fogo em sua guitarra pela primeira vez no Astoria Theatre, em Londres, em 31 de março daquele ano. Ele foi posteriormente advertido pelo administrador do Rank Theatre management para controlar suas exibições no palco depois de danificar os amplificadores e outros equipamentos no palco.

Com o forte apelo de Paul McCartney, integrante do "Festival Pop de Monterey" (Monterey Pop Festival), o Jimi Hendrix Experience foi agendado para apresentar-se naquele festival, e o concerto, onde ficou notória a imagem de Hendrix pondo fogo e quebrando sua guitarra, foi imortalizado pelo cineasta D.A. Pennebaker no filme Monterey Pop. O festival de Monterey foi um triunfante retorno. E foi seguido de uma abortada apresentação de abertura para o grupo pop The Monkees, em sua primeira turnê americana.

Os Monkees pediram a presença de Hendrix simplesmente por serem seus fãs. Infelizmente, porém, a sua platéia predominantemente adolescente não se interessou pelas bizarras apresentações de Hendrix no palco, e ele abruptamente interrompeu a digressão depois de algum tempo, exatamente quando "Purple Haze" começava a estourar nas paradas norte-americanas. Chas Chandler mais tarde admitiu que ter "caído fora" da turnê dos Monkees foi planejado para ganhar o máximo de impacto de mídia e de afronta para Hendrix. Na época, circulou uma história afirmando que Hendrix tinha sido retirado da digressão devido a reclamações de que sua conduta no palco era "lasciva e indecente", reclamações estas que teriam sido feitas pela organização conservadora de mulheres Daughters of the American Revolution. De fato, a história era falsa: a coisa foi forjada pela jornalista australiana Lillian Roxon, a qual acompanhava a turnê junto com o namorado e cantor Lynne Randell, outro coadjuvante. A afirmação foi zombeteiramente repetida na famosa Rock Encyclopedia de Roxton em 1969, porém mais tarde ela admitiu que a coisa foi fabricada.

Enquanto isso, de volta à Inglaterra, sua imagem de "selvagem" e de cheio de recursos para chamar atenção (tal como tocar a guitarra com os dentes e com ela às costas) continuava a trazer-lhe notoriedade, apesar de ele ter começado a se sentir mais e mais frustrado, devido à concentração da mídia e das platéias em suas atuações no palco e em seus primeiros sucessos, e pela crescente dificuldade em ter suas músicas novas também aceitas.

No mesmo ano, o grupo lança seu segundo álbum, Axis: Bold as Love, que continuou o estilo estabelecido por Are You Experienced, com faixas como Little Wing e If 6 Was 9, mostrando a continuidade de sua habilidade com a guitarra. No entanto, um percalço quase impediu o lançamento do álbum — Hendrix perdeu a fita com a gravação master do lado 1 do LP depois de acidentalmente tê-la esquecido num táxi. Com a proximidade do prazo fatal de lançamento, Hendrix, Chandler e o engenheiro de som Eddie Kramer foram forçados a fazer às pressas uma remixagem a partir das gravações multi-canais, o que eles conseguiram terminar numa verdadeira maratona noturna. Esta foi a versão lançada em dezembro de 1967, apesar de Kramer e Hendrix mais tarde terem dito que nunca ficaram totalmente satisfeitos com o resultado final.


1968

Por volta dessa época, desavenças pessoais com Noel Redding, combinadas com a influência das drogas, álcool e fadiga, conduziram a uma problemática digressão na Escandinávia. A 4 de janeiro de 1968, Hendrix foi preso pela polícia de Estocolmo, após ter destruído completamente um quarto de hotel num ataque de fúria devido à embriaguez.

A terceira gravação da banda, o álbum duplo Electric Ladyland 1968, era mais ecléctico e experimental, incluindo uma longa seção de blues ("Voodoo Child"), a "jazzística" "Rainy Day, Dream Away"/"Still Raining, Still Dreaming" e aquela que é provavelmente a versão mais conhecida da música de Bob Dylan "All Along the Watchtower".

A gravação do álbum foi extremamente problemática. Hendrix se decidira por voltar aos EUA e, frustrado pelas limitações da gravação comercial, decidiu criar seu próprio estúdio em Nova Iorque, no qual teria espaço ilimitado para desenvolver sua música. A construção do estúdio, batizado de "Electric Lady" foi cheia de problemas, e o mesmo só foi concluído em meados de 1970.

O trabalho antes disciplinado de Hendrix estava a tornar-se errático, e as suas intermináveis sessões de gravação repletas de aproveitadores finalmente fizeram com que Chas Chandler pedisse demissão em 1 de dezembro de 1968. Chandler posteriormente se queixou da insistência de Hendrix em repetir tomadas de gravação a cada música (a música Gypsy Eyesaparentemente teve 43 tomadas, e ainda assim Hendrix não ficou satisfeito com o resultado) combinado com o que Chas viu com uma incoerência causada por drogas, fez com que ele vendesse sua parte no negócio a seu parceiro Mike Jefferey. O perfeccionismo de Hendrix no estúdio era uma marca - comenta-se que ele fez o guitarrista Dave Mason tocar 20 vezes o acompanhamento de guitarra de All Along The Watchtower - e ainda assim ele sempre estava inseguro quanto a sua voz, e muitas vezes gravava seus vocais escondido no estúdio.

Muitos críticos hoje crêem que Mike Jefferey teve uma influência negativa na vida e na carreira de Hendrix. Comenta-se que Jefferey (que foi anteriormente empresário da banda The Animals) desviou boa parte do dinheiro que Hendrix ganhou durante a vida, depositando-o secretamente em contas no exterior. Também se crê que Jefferey tinha fortes ligações com os serviços de inteligência (ele se dizia agente secreto) e com a Máfia.

Apesar das dificuldades de sua gravação, muitas das faixas do álbum mostram a visão de Hendrix se expandindo para além do escopo do trio original (diz-se que este disco ajudou a inspirar o som de Miles Davis em Bitches Brew) e vendo-o colaborar com uma gama de músicos um tanto desconhecidos, incluindo Dave Mason, Chris Wood e Steve Winwood (da banda Traffic), ou o percussionista Buddy Miles e o ex-organista de Bob Dylan, Al Kooper.


1969

A expansão de seus horizontes musicais foi acompanhada por uma deterioração no seu relacionamento com os colegas de banda (particularmente com Redding), e o Experience se desfez durante 1969. Suas relações com o público também vieram a tona quando em 4 de Janeiro de 1969 ele foi acusado por produtores de televisão de ser arrogante, após tocar uma versão improvisada de "Sunshine of your Love" durante sua participação remunerada no show da BBC1, Happening for Lulu

Em 3 de Maio ele foi preso no Aeroporto Internacional de Toronto depois que uma quantidade de heroína foi descoberta em sua bagagem. Ele foi mais tarde posto em liberdade depois de pagar uma fiança de 10.000 dólares. Quando o caso foi a julgamento Hendrix foi absolvido, afirmando com sucesso que as drogas foram postas em sua bolsa por um fã sem o seu conhecimento. Em 29 de Junho, Noel Redding formalmente anunciou à mídia que havia deixado o Jimi Hendrix Experience, embora ele de fato já houvesse deixado de trabalhar com Hendrix durante a maioria das gravações de Eletric Ladyland.

Em Agosto de 1969, no entanto, Hendrix formou uma nova banda, chamada Gypsy Suns and Rainbows, para tocar no Festival de Woodstock. Ela tinha Hendrix na guitarra, Billy Cox no baixo, Mitch Mitchell na bateria, Larry Lee na guitarra base e Jerry Velez e Juma Sultan na bateria e percussão. O show, apesar de notoriamente sem ensaio e desigual na performance (Hendrix estava, dizem, sob o efeito de uma dose potente de LSD tomada pouco antes de subir ao palco) e tocado para uma platéia celebrante que se esvaziava lentamente, possui uma extraordinária versão instrumental improvisada do hino nacional norte-americano, The Star-Spangled Banner, distorcida e quase irreconhecivél e acompanhada de sons de guerra, como metralhadoras e bombas, produzidos por Hendrix em sua guitarra (a criação desses efeitos foi inovadora, expandindo para além das técnicas tradicionais das guitarras elétricas). Essa execução foi descrita por muitos como a declaração da inquietude de uma geração da sociedade americana, e por outros como uma gozação antiamericana, estranhamente simbólica da beleza, espontaneidade e tragédia que estavam embutidas na vida de Hendrix. Foi uma execução inesquecível relembrada por gerações. Quando lhe foi perguntado no Dick Cavett Show se estava consciente de toda a polêmica que havia causado com a performance, Hendrix simplesmente declarou: "Eu achei que foi lindo."


1970

O Gypsy Suns and Rainbows teve vida curta, e Hendrix formou um novo trio com velhos amigos, o Band of Gypsys, com seu antigo companheiro de exército, Billy Cox, no baixo e Buddy Miles na bateria, para quatro memoráveis concertos na véspera do Ano Novo de 1969/1970. Felizmente os concertos foram gravados, capturando várias peças memoráveis, incluindo o que muitos acham ser uma das maiores performances ao vivo de Hendrix, uma explosiva execução de 12 minutos do seu épico antiguerra 'Machine Gun'.

No entanto, sua associação com Miles não foi muito longa, e terminou repentinamente durante um concerto no Madison Square Garden em 28 de Janeiro de 1970, quando Hendrix foi embora depois de tocar apenas duas músicas, dizendo à platéia: "Desculpem por não conseguirmos nos entender". Miles posteriormente declarou durante uma entrevista de TV que Hendrix sentia que estava perdendo evidência para outros músicos. Passou o resto daquele ano em gravações sempre que arranjasse tempo, frequentemente com Mitch Mitchell, e tentando levar adiante o projeto Rainbow Brigde, uma super ambiciosa combinação de filme/álbum/concerto no Havaí. Em 26 de Julho Hendrix tocou no Sick's Stadium, em sua cidade natal, Seattle.

Sepultura de Jimi Hendrix no Greenwood Memorial Park

Em Agosto ele tocou no Festival da Ilha de Wight com Mitchell e Cox, expressando desapontamento no palco em face do clamor de seus fãs por ouvir seus antigos sucessos, em lugar de suas novas idéias, mesmo tendo momentos memoráveis (inclusive Jimi Hendrix executando a clássica "Machine Gun", com 18 minutos). Em 6 de Setembro, durante sua última turnê européia, Hendrix foi recebido com vaias e zombarias por fãs, quanto se apresentou no Festival de Fehmarn, na Alemanha, em meio a uma atmosfera de baderna. O baixista Billy Cox deixou a turnê e retornou aos Estados Unidos depois de supostamente ter utilizado fenilciclidina (N.T. substância analgésica).

Antes da morte, mais tarde no mesmo ano, Hendrix iria começar um novo projeto, junto com o guitarrista e baixista Greg Lake (na época noKing Crimson) e o tecladista Keith Emerson.

Greg, que acabava de deixar o King Crimson e Keith procuravam por um baterista e percursionista, e chegaram a conversar com Mitch Mitchell. O ex baterista do Jimi Hendrix Experience, Gypsy Suns And Rainbows e Band Of Gypsys recusou, mas passou a ideia para Hendrix, que aceitou. A banda, que iria então ser formada pelos três, iria encorporar também Carl Palmer, como baterista, e se chamaria HELP (Hendrix, Emerson, Lake & Palmer). Infelizmente, Jimi morreu, mas o projeto seguiu, formando a banda de rock progressivo Emerson, Lake & Palmer, que produziu grandes sucessos, como Lucky Man, From The Beginning, Stil... You Turn Me On, entre outros.

[editar]Morte

Os dois edifícios que compunham o Hotel Samarkand Hotel. Hendrix morreu num dos dois apartamentos no porão, que eram acessados por degraus na frente dos edifícios.

Jimi Hendrix morreu em Londres nas primeiras horas de 18 de Setembro de 1970, em circunstâncias que nunca foram completamente explicadas. Havia passado parte da noite anterior numa festa, onde a namorada Monika Dannemann o havia buscado, e ambos seguiram para o Hotel Samarkand, no número 22 da Lansdowne Crescent, em Notting Hill. Estimativas indicam que ele teria morrido pouco tempo depois.[18]

Dannemann alegou em seu depoimento original que Hendrix teria tomado (sem que ela soubesse), na noite anterior, nove comprimidos de um remédio para dormir que ela utilizava. De acordo com o médico que o atendeu inicialmente, Hendrix tinha se asfixiado (literalmente afogado) em seu próprio vômito, composto principalmente de vinho tinto.[18] Por anos Dannemann alegou publicamente que Hendrix ainda estava vivo quando o colocaram na ambulância; seus comentários sobre aquela manhã, no entanto, foram frequentemente contraditórios, e variaram de entrevista para entrevista.[19] Declarações de policiais e paramédicos revelam que não havia ninguém além de Hendrix no apartamento, e que não apenas ele estava morto quando chegaram à cena, mas também estava totalmente vestido, e já estava morto há algum tempo.[20]

As letras de uma canção composta por Hendrix e encontradas no apartamento levaram Eric Burdon a fazer um anúncio prematuro no programa 24 Hours, da BBC, de que Hendrix teria cometido suicídio.[21] Depois de um processo por difamação movido em 1996 pela namorada inglesa de Hendrix por anos, Kathy Etchingham, Monika Dannemann cometeu suicídio - embora seu último amante, Uli Jon Roth, tenha feito acusações de que ela teria sido assassinada.[22]

Legado

Parte do estilo único de Hendrix se deve ao fato dele ter sido um canhoto[23] que tocava uma guitarra para destros virada ao contrário . Embora ele tivesse e usasse diversos modelos de guitarra durante sua carreira (incluindo uma Gibson Flying V que ele decorara com motivos psicodélicos), sua guitarra preferida, e que será sempre associada a ele, era a Fender Stratocaster, ou "Strat". Ele comprou sua primeira Strat por volta de 1965, e usou-as quase constantemente durante o resto de sua vida.

Busto de Jimi Hendrix em Kielcena Polônia.

Uma característica da Strat que Hendrix utilizou ao máximo foi a alavanca de trêmolo, patenteada pela Fender, que o habilitou a "entortar" notas e acordes inteiros sem que a guitarra saísse da afinação. O braço relativamente estreito da Strat, de fácil ação, foi também perfeito para o estilo envolvente de Hendrix e potencializou enormemente sua grande destreza - como pode ser visto em filmes e fotos, as mãos de Jimi eram tão grandes que lhe permitiam pressionar todas as seis cordas com apenas a parte de cima do seu polegar, e ele podia, pelo que dizem, tocar partes rítmicas e solos simultaneamente.

As Statocasters foram primeiramente popularizadas por Buddy Holly e pela banda britânica The Shadows, mas elas eram quase impossíveis de serem obtidas no Reino Unido até a metade da década de 60, devido às restrições de importação do pós-guerra. O surgimento de Hendrix coincidiu com o fim dessas restrições, e ele, de forma indiscutível, fez mais do que qualquer outro músico para tornar a Stratocaster a guitarra elétrica mais vendida na história. Anteriormente à sua chegada ao Reino Unido, a maioria dos músicos mais conhecidos utilizava guitarras Gibson e Rickenbacker, mas depois de Hendrix, quase todos os principais guitarristas, incluindo Jeff Beck e Eric Clapton, trocaram para as Fender Strats. Hendrix comprou várias Strats durante sua vida; ele deu várias de presente (incluindo uma dada ao guitarrista do ZZ Top Billy Gibbons), mas muitas outras foram roubadas e ele mesmo destruiu diversas delas em seus famosos rituais de queima da guitarra ao final dos shows.

As partes queimadas e quebradas de uma Stratocaster que ele destruiu no Miami Pop Festival em 1968 foram dadas a Frank Zappa, que mais tarde a reconstruiu e tocou com ela extensivamente durante os anos 70 e 80. Depois da morte de Zappa, a guitarra foi posta à venda pelo filho de Zappa, Dweezil. Em maio de 1992, Dweezil colocou a guitarra à leilão nos Estados Unidos, esperando faturar US$ 1 milhão de dólares, mas a venda não foi efetuada. Tentou novamente leiloá-la em Setembro, por 450 mil libras (em torno de 650 mil Euros), mas mais uma vez a venda não foi efetuada. A maior oferta feita por telefone, de 300 mil libras (em torno de 430 mil Euros) foi recusada. A lendária Strat branca de 1968 que Hendrix tocou no Woodstock foi vendida na Casa de Leilões Sotheby de Londres, em 1990, por £ 174 mil (em torno de 250 mil Euros). A guitarra foi re-vendida em 1993 por £ 750 mil.

Hendrix foi também um revolucionário no desenvolvimento da amplificação e dos efeitos com a guitarra moderna. Sua alta energia no palco e volume elevado com o qual tocava requeriam amplificadores robustos e potentes. Durante os primeiros meses de sua turnê inicial ele usou amplificadores Vox e Fender, mas ele rapidamente descobriu que eles não podiam aguentar o rigor de um show do Experience. Felizmente ele descobriu o alcance dos amplificadores de guitarra de alta potência fabricados pelo engenheiro de áudio inglês JimMarshall e eles se mostraram perfeitos para as necessidades de Jimi. Assim como ocorreu com a Strat, Hendrix foi o principal promotor da popularidade das "Pilhas Marshall" e os amplificadores Marshall foram cruciais na modelagem do seu som pesado e saturado, habilitando-o a controlar o uso criativo de "feedback" (N.T. microfonia) como efeito musical.

Memorial a Jimi Hendrix, em Fehmarn, Schleswig-Holstein, naAlemanha.

Hendrix foi também constante na procura de novos efeitos de guitarra. Ele foi um dos primeiros guitarristas a se lançar além do palco a explorar por completo as totais possibilidades do pedal wah-wah. Ele também teve um associação muito proveitosa com o engenheiro Roger Mayer e fez uso extensivo de muitos dos dispositivos desenvolvidos por ele, incluindo a "Axis Fuzz Unit" , o "Octavia octavia doubler" e o "UniVibe", uma unidade de vibrato desenvolvida para simular eletronicamente os efeitos de modulação dos alto-falantes Leslie. O som de Hendrix era uma mistura única de alto volume e alta força, controle preciso do "feedback" e uma variação de efeitos de guitarra cortantes, especialmente a combinação "UniVibe"-"Octavia", que pode ser escutada na sua totalidade na versão ao vivo de 'Machine Gun' gravada pela 'Band of Gypsys'.

A despeito da sua agitada agenda de turnês e seu perfeccionismo notório, ele era também um produtivo artista que deixou mais de 300 gravações inéditas, além de seus três LPs oficiais e vários compactos. Ele se tornou lendário como um dos grandes músicos do rock da década de 60 que, tal como Janis Joplin, Jim Morrison e Brian Jones se lançaram para o estrelato, tiveram sucesso por apenas uns poucos anos, e morreram ainda jovens.


Lançamentos póstumos

Depois da morte de Hendrix, centenas de gravações inéditas começaram a surgir. O produtor Alan Douglas causou controvérsia quando supervisionou a mixagem, remasterização e lançamento de dois álbuns de material importante que Hendrix deixara para trás em diferentes estados de finalização. São os LPs "Crash Landing" e "Midnight Lightning", e embora eles contenham várias faixas importantes, são álbuns considerados de qualidade abaixo do padrão; é quase certo que Jimi não os teria aprovado para lançamento se estivesse vivo.

Em 1972, o produtor britânico Joe Boyd montou um excelente filme documentário sobre a vida de Hendrix, que ficou em cartaz em cinemas ao redor do mundo por muitos anos. A trilha sonora dupla do filme, que incluía apresentações ao vivo em Monterey, Berkeley e Ilha de Wight é, provavelmente, a melhor das realizações póstumas.

Outro LP surgido nos anos 70 que valeu a pena foi a compilação ao vivo 'Hendrix In the West', que consiste de uma seleção das melhores gravações ao vivo em solo americano dos últimos dois anos de sua vida, incluindo uma brilhante execução da favorita nos concertos, a música "Red House".

Embora o filme em si seja geralmente considerado pouco interessante, a trilha de 'Rainbow Bridge' prova que realmente é um item que vale a pena, e agora é item de colecionador. Ela inclui várias faixas que eram destinadas ao projeto de lançamento do quarto disco de estúdio de Hendrix, 'First Rays of the New Rising Sun', a sequência não completada de Eletric Ladyland. Essas faixas de estúdio, incluindo Dolly Dagger, Earth Blues, Room Full of Mirrors e a melancólica instrumental Pali Gap, mostram Hendrix avançando suas técnicas no estúdio a novos níveis, assim como absorvendo influências de "Soul" contemporâneo e do "Funk" de James Brown, Sly & The Family Stone e George Clinton[24].

O LP da trilha sonora de 'Rainbow Bridge' se destaca pela extensa versão ao vivo de outra das melhores apresentações de Hendrix, a versão elétrica de dez minutos do "stardard" do blues 'Hear My Train A Comin'. Ele gravou originalmente essa música em 1967 para um filme promocional, tocando-a em caráter improvisado num blues ao estilo do "Delta" em um violão de 12 cordas emprestado. A versão eletrificada de 1970 (que permanece ao lado de 'Machine Gun' como sendo uma das suas melhores gravações ao vivo) mostra a música transformada, quase irreconhecivel; como 'Machine Gun', ela apresenta todos os elementos clássicos e algumas inspiradas improvisações do som elétrico de Hendrix. A faixa foi gravada ao vivo em um concerto no Centro Comunitário de Berkeley, na Califórnia; um pequeno trecho filmado dessa apresentação ao vivo foi também incluída no filme "Jimi Plays Berkeley".

O interesse por Hendrix diminuiu um pouco nos anos 80, mas com o advento do CD, a Polygram e a Warner-Reprise começaram a relançar muitas das gravações de Hendrix em CD no fim dos anos 80 e início dos 90. Os primeiros relançamentos da Polygram foram de baixa qualidade e Eletric Ladyland teve prejuízo particular, sendo evidente a transferência das fitas originais do LP, com as faixas colocadas fora da sua ordem correta. Isso refletiu na ordem original do LP, um artefato dos dias em que os LPs duplos eram prensados com os lados um e três em um LP e e os lados dois e quatro no outro LP, para que os discos pudessem ser colocados em uma vitrola automática e tocados em sequência direto, somente trocando-os de lado uma vez.

A Polygram lançou em seguida um conjunto duplo de 8 CDs de qualidade superior com as faixas de estúdio em um conjunto de 4 CDs, e as apresentações ao vivo em outro. Isto foi seguido pelo lançamento de um conjunto de 4 Cds de apresentações ao vivo pela Reprise. Um documentário de áudio, originalmente feito para rádio e mais tarde lançado em 4 CDs também foi lançado por essa época e incluía muito material inédito.

No final dos anos 90, depois que o pai de Hendrix recuperou o controle sobre a propriedade de seu filho, ele e sua filha Janie estabeleceram a companhia "Experience Hendrix" para promover e cuidar de todo o extenso legado de gravações de Jimi. Trabalhando em colaboração com com engenheiro original de Jimi, Eddie Kramer, a companhia iniciou um extenso programa de relançamentos, incluindo edições totalmente remasterizadas dos álbums de estúdio e CDs de compilações de faixas remixadas e remasterizadas destinadas ao álbum 'First Rays of New Rising Sun'. Em 1994, foi lançado a compilação chamada Blues. Em 1999, em comemoração ao aniversário de 30 anos do Festival de Woodstock, foi lançado o álbum duplo Live at Woodstock.

Até agora, a companhia "Experience Hendrix" faturou mais de US$ 44 milhões de dólares em gravações e "merchandising" associado.


Herança

Na falta de um testamento, Al Hendrix, pai de Jimi, herdou os direitos e "royalties" das gravações do filho, e confiou-os a um advogado, o qual supostamente enganou Al convencendo-o a vender esses direitos a companhias pertencentes a ele próprio. Al processou-o em 1993 por administrar de forma incompetente esses bens. O processo foi financiado pelo co-fundador da Microsoft, Paul Allen, um fã devoto de Hendrix de longa data. Em uma resolução de 1995, Al Hendrix finalmente recuperou o controle sobre todas as gravações do filho. Diversos álbuns foram então remasterizados a partir das fitas originais e relançados. Al Hendrix morreu em 2002 com 82 anos. O controle dos bens e da companhia Experience Hendrix, que fora montada para administrar o legado de Hendrix, passou então à meia-irmã de Jimi, Janie.

Em 2004, Janie Hendrix foi processada por seu meio-irmão, Leon Hendrix, irmão mais novo de Jimi, o qual foi deixado de fora do testamento de seu pai, em 1997. Ele buscava a restauração de sua parte na herança e a remoção de sua meia-irmã da posição de controle da propriedade de Hendrix.


Equipamentos de Jimi Hendrix


Amplificador

Seu equipamento de amplificação consistia geralmente de seis caixas Marshall 4x12, um monitor 4x12 e quatro amplificadores Marshall de 100 watts, "envenenados". O pessoal da técnica costumava ter dificuldades em manter seu equipamento funcionando em turnês, porque ele ligava tudo no máximo, sobrecarregando muito além dos limites, e freqüentemente atacava o equipamento. [carece de fontes]


Efeitos

  • Thomas Organ/Vox Wah-Wah, Crybaby Wah Wah(Jim Dunlop), Roger Mayer Octavia, Dallas Arbiter Fuzz Face, Uni-Vox Uni-Vibe.Um de seus maiores efeitos musicais foi quando estreou a musica "Hey Joe" em um show e,ao invés de usar as mãos,usou os dentes.


Guitarras

PRESENTE PRA QUEM CHEGOU AO FINAL!